A arte litúrgica, a arte sacra e a arte religiosa cristãs parecem a mesma coisa, mas não são. São coirmãs, porque, numa saudável hierarquia, a religiosa bebe da fonte da sacra e estas, por sua vez, se inspiram na litúrgica. Faço arte para rezar. E a iconografia cristã sempre pretendeu ser uma janela para a eternidade. Conheça meu trabalho. Mir - Francisco Miranda
quinta-feira, 17 de maio de 2012
PORTA DA IGREJA DE SÃO PEDRO - VÍDEO
PORTA DA IGREJA DE SÃO PEDRO - SIGNIFICADO
A matéria
O madeira usada na confecção da porta é oriunda da demolição da fábrica de ladrilhos hidráulicos FRPINTO, que existia em Bonsucesso e fora fundada e pelo sr. Francisco Pinto. Esta fábrica é a origem de muitos pisos de ladrilhos hidráulicos que existem ainda hoje em algumas igrejas do Rio de Janeiro. Francisco Pinto era um benfeitor conhecido no seu bairro, e a doação desta madeira de quase cem anos não deixa de ser uma homenagem a ele e a seu trabalho. Sua fábrica ainda consegue dar finalidade diferente à sua obra.
A madeira é peroba do campo e peroba rosa, madeira de lei com alto valor no mercado atual, porque sua extração é controlada. Este trabalho é a forma correta de reaproveitar um lenho cuja função fora outra e que agora serve de matéria para uma obra de arte.
A Porta Santa
“No último ano Santo da Redenção, comemorando celebrando a abertura dos 2000 mil anos do cristianismo, o Beato Papa João Paulo II fez a tradicional cerimônia de abetrua da Porta Santa, que se localiza na entrada central da Basílica de São Pedro, em Roma. Uma Porta Santa é uma porta aberta pelo Papa para marcar simbolicamente o início de um Ano Santo. Cada uma das basílicas maiores de Roma tem a sua Porta Santa, que é fechada e murada fora deste período especial. A tradição remonta a 1423, ano em que o Papa Martinho Vabriu, pela primeira vez na história, um ano jubilaratravés de uma Porta Santa na Basílica de São João de Latrão. A abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro remonta ao Natal de 1499. Nessa ocasião o Papa Alexandre VI quis que as Portas Santas fossem abertas não apenas em São João de Latrão mas também nas outras basílicas maiores, a de São Pedro, a de Santa Maria Maior e a de São Paulo Extramuros. Até ao Jubileu do ano 2000 era costume que o Papa abrisse a Porta Santa da Basílica de São Pedro, delegando depois esse poder a um cardeal para a abertura das portas das três outras basílicas. O Papa João Paulo IIrompeu esta tradição fazendo ele mesmo a abertura e o fecho de todas as quatro Portas Santas de Roma: a da Basílica de São Pedro foi a primeira a ser aberta e a última a ser fechada”.
A igreja do Encantado dedicada a São Pedro tem agora sua Porta Santa, sinal da fraternidade eclesial da qual participa, porque é coirmã da primaz basílica de quem recebe o mesmo nome, Basílica de São Pedro, e, quem sabe um dia se torne tal qual a igreja de Roma uma basílica, em porte, importância e referência.
Teologia e símbolo
Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus. (Mt 16,19)
A porta é lugar de acesso na arquitetura, por ela entramos e saímos dum ambiente. Na arquitetura sacra e litúrgica é símbolo do lugar de entrada no Reino ou passagem entre o sagrado e o profano. Por meio duma porta de igreja saímos do mundo profano e entramos num lugar sagrado. No seu contrário, de algum modo mais profundo, nossa saída da igreja para o mundo do dia a dia é a condução da nossa sacralidade, participação na vida divina que nos vem pelo Espirito, ao mundo, para tocá-lo com a mesma graça divina com que fomos abençoados.
Na porta estão as chaves que trancam ou abrem a nossa vida à graça da salvação. Pedro recebeu as chaves da Igreja e com ela perpetua a obra da salvação abrindo a todos os povos a realidade da vida divina que nos vem pelo Batismo. No brasão do Vaticano estão duas chaves cruzadas que simbolizam esta dupla abertura e fechamento, cujo poder foi dado a Pedro e que a Igreja dá continuidade ao exercício deste poder, que não é outra coisa que serviço.
Inspirado no desenho do brasão, elaborei duas chaves estilizadas cujas linhas começam e não terminam, dando origem ao desenho duma chave que nos lembra nossa realidade temporal: começamos no tempo e terminamos na eternidade. Cada pessoa é eviterna, nasce e não morre mais. É o “éon” dos gregos ou “ævo” dos latinos, evitenidade, tempo filosófico que representa e se aplica à nossa natureza humana. A chave de Pedro nos abre a eternidade do Reino dos céus.
Quando juntamos as duas partes da porta, formamos o conjunto do desenho, cuja parte central é uma cruz patriarcal com três braços, evocando a cruz papal e a dos patriarcas de Constantinopla e de outros patriarcados. A cruz é a chave de entrada no Reino de Deus. A cruz nos abre as portas da eternidade.
Atelier Hagia Sophia
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