quinta-feira, 17 de maio de 2012

PORTA DA IGREJA DE SÃO PEDRO - VÍDEO


Eis um vídeo com as fases da execução da porta de madeira da igreja de São Pedro no bairro do Encantado, no Rio de Janeiro.

PORTA DA IGREJA DE SÃO PEDRO - SIGNIFICADO



A matéria

O madeira usada na confecção da porta é oriunda da demolição da fábrica de ladrilhos hidráulicos FRPINTO, que existia em Bonsucesso e fora fundada e pelo sr. Francisco Pinto. Esta fábrica é a origem de muitos pisos de ladrilhos hidráulicos que existem ainda hoje em algumas igrejas do Rio de Janeiro. Francisco Pinto era um benfeitor conhecido no seu bairro, e a doação desta madeira de quase cem anos não deixa de ser uma homenagem a ele e a seu trabalho. Sua fábrica ainda consegue dar finalidade diferente à sua obra.

A madeira é peroba do campo e peroba rosa, madeira de lei com alto valor no mercado atual, porque sua extração é controlada. Este trabalho é a forma correta de reaproveitar um lenho cuja função fora outra e que agora serve de matéria para uma obra de arte.

 

A Porta Santa

“No último ano Santo da Redenção, comemorando celebrando a abertura dos 2000 mil anos do cristianismo, o Beato Papa João Paulo II fez a tradicional cerimônia de abetrua da Porta Santa, que se localiza na entrada central da Basílica de São Pedro, em Roma. Uma Porta Santa é uma porta aberta pelo Papa para marcar simbolicamente o início de um Ano Santo. Cada uma das basílicas maiores de Roma tem a sua Porta Santa, que é fechada e murada fora deste período especial. A tradição remonta a 1423, ano em que o Papa Martinho Vabriu, pela primeira vez na história, um ano jubilaratravés de uma Porta Santa na Basílica de São João de Latrão. A abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro remonta ao Natal de 1499. Nessa ocasião o Papa Alexandre VI quis que as Portas Santas fossem abertas não apenas em São João de Latrão mas também nas outras basílicas maiores, a de São Pedro, a de Santa Maria Maior e a de São Paulo Extramuros. Até ao Jubileu do ano 2000 era costume que o Papa abrisse a Porta Santa da Basílica de São Pedro, delegando depois esse poder a um cardeal para a abertura das portas das três outras basílicas. O Papa João Paulo IIrompeu esta tradição fazendo ele mesmo a abertura e o fecho de todas as quatro Portas Santas de Roma: a da Basílica de São Pedro foi a primeira a ser aberta e a última a ser fechada”. (Esta parte do texto foi retirada da Wikipedia)

 

A igreja do Encantado dedicada a São Pedro tem agora sua Porta Santa, sinal da fraternidade eclesial da qual participa, porque é coirmã da primaz basílica de quem recebe o mesmo nome, Basílica de São Pedro, e, quem sabe um dia se torne tal qual a igreja de Roma uma basílica, em porte, importância e referência.

 

Teologia e símbolo

Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus. (Mt 16,19)

A porta é lugar de acesso na arquitetura, por ela entramos e saímos dum ambiente. Na arquitetura sacra e litúrgica é símbolo do lugar de entrada no Reino ou passagem entre o sagrado e o profano. Por meio duma porta de igreja saímos do mundo profano e entramos num lugar sagrado. No seu contrário, de algum modo mais profundo, nossa saída da igreja para o mundo do dia a dia é a condução da nossa sacralidade, participação na vida divina que nos vem pelo Espirito, ao mundo, para tocá-lo com a mesma graça divina com que fomos abençoados.

Na porta estão as chaves que trancam ou abrem a nossa vida à graça da salvação. Pedro recebeu as chaves da Igreja e com ela perpetua a obra da salvação abrindo a todos os povos a realidade da vida divina que nos vem pelo Batismo. No brasão do Vaticano estão duas chaves cruzadas que simbolizam esta dupla abertura e fechamento, cujo poder foi dado a Pedro e que a Igreja dá continuidade ao exercício deste poder, que não é outra coisa que serviço.


Inspirado no desenho do brasão, elaborei duas chaves estilizadas cujas linhas começam e não terminam, dando origem ao desenho duma chave que nos lembra nossa realidade temporal: começamos no tempo e terminamos na eternidade. Cada pessoa é eviterna, nasce e não morre mais. É o “éon” dos gregos ou “ævo” dos latinos, evitenidade, tempo filosófico que representa e se aplica à nossa natureza humana. A chave de Pedro nos abre a eternidade do Reino dos céus.


Quando juntamos as duas partes da porta, formamos o conjunto do desenho, cuja parte central é uma cruz patriarcal com três braços, evocando a cruz papal e a dos patriarcas de Constantinopla e de outros patriarcados. A cruz é a chave de entrada no Reino de Deus. A cruz nos abre as portas da eternidade.



Francisco Miranda
Atelier Hagia Sophia