segunda-feira, 1 de abril de 2013

PROJETO ILUMINAÇÃO - LUSTRES

No projeto para a nova iluminação da igreja de São José Operário criei um lustre cujo modelo é exclusivo da igreja. A idéia era criar uma peça especial que usasse os mesmo princípios arquitetônicos encontrados no desenho da moderna igreja de São José.

Uma parte da indústria brasileira de luminárias, lustres e afins foi solapada pela invasão chinesa de importados. Os modelos que vêm de lá além de apresentarem baixa qualidade não se adequavam ao que o projeto de iluminação pedia.

A iluminação anterior era composta por calhas de luminárias simples com 4 lâmpadas fluorescentes branca/fria de 40w cada lâmpada e que ficavam penduradas por duas  linhas de correntes de ferro. Essa iluminação ja existia há cerca de 40 anos. Havia também luminárias laterais postas sobre as colunas da igreja com lâmpadas frias/branca também de 40w. A luz era toda direcionada para a assembléia e restava uma grande penumbra no teto da igreja.

A peça criada para ser um múltiplo com seis lustres (4 na nave central e 2 nas naves laterais) tem um formato simétrico retangular, e recebe em cada ponta um tubo retangular de vidro fosco (Luvidart) com 35cm de cumprimento, compondo 8 tubos com lâmpadas fluorecentes morna/amarelada de 90w. O total de luz emanda por cada lustre equivale a 720w.

A estrutura que sustenta os tubos é de metalon com pinutra especial.

As fotos abaixo mostram a execução do projeto de cada lustre, detelhes de parte dos lustres, e um modelo já suspenso iluminado ou não. Dá pra se ter uma idéia do que cada peça procura reproduzir como luz e arte.












segunda-feira, 25 de março de 2013

ARQUITETURA DA IGREJA SÃO JOSÉ OPERÁRIO - PRELIMINARES


A Semana da Arte Moderna de 1922, em São Paulo, introduziu o Brasil no movimento modernista.
Artistas, intelectuais, músicos, etc, assumiram os ideais modernistas ao romperem com os padrões chamados 'clássicos'.
Deste movimento nasceram todas as tendências artísticas que conhecemos hoje.
O cubismo e o concretismo são algumas delas.
A Igreja resistiu durante algum tempo às novidades artísticas do modernismo, mas logo sucumbiu à sua força teórica, e reproduziu em sua arquitetura e arte litúrgica ou religiosa os padrões desse novo movimento artístico e filosófico.
A igreja de São José Operário, com sua arquitetura magnífica, traz esses elementos, e, acredito, começa a romper com os padrões neoclássicos (tentativa de reação contra o modernismo) que existem em algumas igrejas no Rio construídas contemporaneamente à sua edificação.
Só para citar, por exemplo Santa Cecília (Bangu), N.S. da Conceição (Realengo), N. S da Paz (Ipanema), etc. Todas reeditaram linhas arquitetônicas do Românico e do Gótico, algumas até com arcobotantes (estruturas arquitetônicas com a função de sustentar as paredes das antigas igreja góticas na Europa), que são falsos e meramente estéticos.
A São José Operário é fruto, acredito, do período Getulista, do movimento operário nascente, da CLT, da ordem, da construção funcional (Bauhaus), dos conjuntos habitacionais para os operários. A região da Vila Nova era chamada de "a pequena Moscou".
Nas artes visuais estão Picasso, Mondrian, Portinari, etc. Eles todos imprimiram em suas esculturas e pinturas elementos modernistas, cores chapadas e formas geométricas simples (quadrados, losangos, círculos, etc). 

Parece-me, por isso, a razão da igreja ter as curvas perfeitas dos arcos ogivais que se formam no entrecruzamento dos arcos plenos de suas colunatas distintas, ao mesmo tempo e que tem formas absolutamente primárias e geometricamente perfeitas. Além disso a planta baixa segue o modelo da cruz romana. Os materiais usados já são novos para a época: blocos de vidro no vitrais das naves laterais e da fachada, cobogó de cimento armado no átrio de entrada e que ajuda a sustentar a laje também feita em concreto armado. A base de sua alvenaria é composta por blocos de concreto. Todos elementos e materiais novos da arquitetura moderna.
Nossa igreja é modernista, concretista e cubista. Pena que a pintura de São José foi extirpada.
O cartaz para o Jubileu traz um pouco disso tudo: formas geométricas simples (retângulos e quadrados), cores chapadas e quase primárias, fontes limpas para os textos e a nossa marca contemporânea.
As cores múltiplas vêm da curva da paleta de cores e representa cada pessoa que ajudou a construir a Igreja viva neste 50 anos.
As cores estão em retângulos sobrepostos, imagem da parede de uma construção, como se para edificar a Igreja ninguém devesse ser preterido. Todos são pedras ou tijolos fundamentais.
O arco ogival (curva típica da arquitetura gótica) e presente nas colunas da igreja, corta o cartaz de baixo para cima, como se, partindo da terra, onde vivem os crentes, ele levasse cada um até o céu.







IGREJA DE SÃO JOSÉ OPERÁRIO - NOVO PROJETO

Após 21 anos, novamente promovi uma intervenção artística litúrgica e sacra na Igreja de São José Operário, em Realengo, no Rio de Janeiro.

Dessa vez, a ação foi composta por um projeto de nova iluminação, que incluiu a pintura com uma cor mais clara (escolhi a algodão egípcio da linha da Suvinil, tinta acrílica própria para paredes internas). O objetivo era ampliar a percepção do espaço com maior reflexão da luz.

Para iluminar as naves laterais e a nave central, concebi um lustre com 8 lâmpadas fluorescentes 'mornas', cor levemente amarelada (a luz fria era usada anteriormente). As lâmpadas estão dentro de 8 tubos de vidro quadrados - Luvidarte - agradeço a indicação e importante participação do Sr. Antônio, dono do Casarão dos Lustres. Os tubos estão pendurados em partes fixas como se fossem lanternas flutuantes, e o formato retangular do lustres (em conjunto com os tubos) procura estabelecer a mesma ideia de simetria que a arquitetura em formato de cruz romana da igreja sugere.

Para compor o projeto e completar a iluminação há 8 spots de luz HQI 150, com focos dirigidos para o teto e a parte superior das paredes e colunas. As luzes fazem desenhos no teto que lembram a figura de peixes, desenhos formados pela sombra dos arcos, cujo símbolo remonta ao nome que os cristãos usavam para se identificar em meio às perseguições - ICHTHYS - Iesous Christós Theoú Yiós Soter - palavra grega que nomeia peixe, e que traz o significado do discípulo de Jesus - Jesus Cristo de Deus Filho Salvador.

Na capela do Santíssimo fiz duas novas paredes revestidas com azulejos brancos e sobre as quais instalei em linhas primárias um arco ogival, como o encontro dos arcos plenos sugerem no cruzamento próximo ao teto sugere. Nas paredes farei dois painéis pintados sobre os azulejos, que serão objetos de apresentação no futuro.

Vejam o resultado no vídeo a seguir.




sexta-feira, 22 de março de 2013

PROJETO IGREJA SÃO JOSÉ OPERÁRIO - REALENGO

Antes de publicar as imagens da recente intervenção que fiz na igreja de São José Operário, feitas para celebrar o seu jubileu de ouro, 50 anos da sua fundação, gostaria de partilhar com vocês algumas idéias mentoras do meu trabalho, apresentando minha tradução livre do capítulo V - O Templo - do livro "Teologia della Belleza" de Pavel Evdokimov.  Aos poucos darei prosseguimento às outras partes.


1. O desenho divino e a origem celeste do templo

“O templo é o céu terrestre, nos seus espaços celestes Deus habita e passeia.” Estas palavras do Patriarca Germano¹ nos fazem ver por dentro o significado vertiginoso do templo cristão. Os Bizantinos trabalharam sobre o espaço como lugar e morada de Deus; o seu problema arquitetônico procurava o acordo entre a escala natural do humano e a escala transcendental do infinito.

As tentativas recentes de encontrar as formas adaptadas à mentalidade moderna muitas vezes levaram a arquitetura a se afogar na paisagem circunstancial e nas preocupações locais. Trata-se de uma arte religiosa antropocêntrica, que exprime o homem com as suas emoções e a sua procura estética de expressões e de formas. Essa arte esquece totalmente o desenho originário dos grandes artistas e construtores, o próprio mistério do templo e a arte sacra teocêntrica que exprime a descida de Deus na sua criação. É perfeitamente legítimo procurar formas novas, mas isto deve exprimir um conteúdo simbólico que permaneceu idêntico através de todas as épocas, porque a sua origem é celeste. Os construtores modernos devem escutar e compreender as sugestões do arquiteto supremo que é o Anjo do templo (Ap 21,15).

Desde o início, todos os templos cristãos deviam ter o mesmo desenho que remonta à visão do Templo da Jerusalém celeste: por isso, esta arquitetura fala a mesma linguagem. É o ensinamento profundo que vem do ícone de Cristo “não feita pela mão do homem” (Il Santo Rosto). Todo ícone remonta a este arquétipo traçado pelo Espírito Santo². É também o sentido da Tradição, segundo a qual certos ícones foram realizados pelos anjos. Todavia, a origem divina pressupõe uma receptividade ativa e doutra parte funda a existência de uma norma canônica. Assim, o Concílio de 787 decreta: “A composição das imagens não é deixada somente à iniciativa dos artistas”, essa deve obedecer às exigências do Mistério litúrgico, ao advento de Deus que estabelece regras arquitetônicas e iconográficas conforme a sua Presença.

De fato os santuários do Antigo Testamento foram edificados segundo as indicações do próprio Deus: a arca da Aliança (Ex 36,34), o templo de Moisés (EX 25,8-9) e aquele de Salomão são construídos segundo um “modelo inspirado do Espírito” (1Cr 28,12.19), “que Tu preparastes desde a origem” (Sab 9,8; Ez 4,10-11). São Clemente de Roma precisa a tradição à qual se refere o ritual da consagração do templo: “Deus mesmo escolheu o lugar onde se devem celebrar os ofícios”³. A tradição é sublinhada por Eusébio na História Eclesiástica, e mostra uma convergência entre a ideia judaica do Templo-residência do Altíssimo e a ideia cristã da Nova Jerusalém do Reino de Deus. Segundo o Apocalipse de Baruc⁴, a Jerusalém celeste foi criada pelo próprio Deus no Paraíso, portanto “in aeternum”.

¹ S. Germano, In Sanctae Mariae zonam, PG 98, 384.
² “Todo ícone recebe a graça do Espírito Santo”, diz S. JoãoDamasceno no seu Discorso sulle ícone, PG 94, 300.
³ S. Clemente de Roma, Ad Cor. 1, 40.
Apocalisse di Baruc, 2 IV, 3-7.



segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

ICONOGRAFIA E SEUS SENTIDOS

Teologia da Beleza - O ícone e a liturgia

"A forma arquitetônica de um templo, os afrescos, os ícones, os objetos de culto, não são um museu, mas, como membros de um corpo, vivem de uma mesma vida mistérica, e são integrados no mistério litúrgico. Antes, é essencial, e não se pode compreender um ícone fora desta integração. Nas casas dos fiéis o ícone é posto no alto e no ponto dominante do espaço. Esse conduz o olhar para o alto, para o Altíssimo e para o único necessário. A contemplação orante passa, por assim dizer,  pelo ícone e não para nele, mas no seu conteúdo vivente que ele traduz."

(in Teologia della bellezza - Pavel Nikolaevic Evidokimov)





Vejam este ícone muito conhecido e conservado na Basília de Santa Sophia em Constatinopla, hoje Istambul. É um mosaico ricamente ornado cuja riqueza de detalhes aparece na disposição das peças que o compõem. Um olhar mais atento bem de perto vai mostrar o cuidado que seu autor desconhecido teve para que, à distância, fosse preservado o conjunto de uma obra que prima pela delicadeza.

Não cabe estudar a aplicação das cores, nem o formato clássico triangular equilátero que a imagem deixa transparecer. Vale a pena entrar no que  Evidokimov quis nos dizer sobre o lugar do ícone sagrado na vida litúrgica e na nossa vida.

Primeiro uma passagem pela importância dos ícones nas nossas vidas.

Por meio dos ícones somos conduzidos ao alto. Sua contemplação silenciosa é uma abertura ao conhecimento da dimensão amorosa de Deus que nos favorece com dons divinos.

Ver o Pai é o desejo mais íntimo da alma humana. Contemplar seu criador e a razão de nossa existência é a busca mais profunda do humano. Por certo é que no silêncio mais íntimo de nossas almas estamos querendo encontrá-lo, ver sua face amorosa e compreender definitivamente que não há outra coisa a fazer que amá-Lo.

Este ícone (uma belíssima reprodução sua) em especial eu já tive a oportunidade de contemplar em silêncio de horas no Mosteiro Camaldolense de Mogi das Cruzes, em São Paulo (1992).

Naquelas horas fui conduzido pelo Espírito a ver o Pai sem que isso me destruísse. Não esquecerei nunca aqueles raros instantes de paraíso que Ele me permitiu na sua infinita bondade viver.

A felicidade humana começa justamente nesse encontro. Deus o encontra no seu caminho particular e você sabe que não poderá mais viver sem Ele.

Um ícone, maior representação do que a arte litúrgica e sacra pode produzir é esse valioso instrumento que podemos e devemos preservar e difundir.

Não é necessário que façamos o ícone nos mesmo moldes que o Oriente fez e faz. Ainda que seja possível fazê-lo inclusive no Brasil onde há artistas ortodoxos que preservam sua técnica. Mas se compreendermos sua teologia e a própria iconosofia que lhe explica, poderemos seguir uma escola nossa e continuar reproduzindo esse maravilhoso instrumento de abertura da alma para o eterno.

Mir

sábado, 19 de janeiro de 2013

PORTA DE SÃO TOMÉ - SIGNIFICADOS



Vejam que imagem e escultura magnífica!
O Cristo em Glória com as quatro figuras aladas ao redor, 
o anjo, o leão, a águia e o touro.Detalhe de um pórtico românico de uma Igreja de Arles, na França.


Significado dos desenhos da Porta de São Tomé


A porta da Igreja dedicada a São Tomé foi concebida como uma representação estética da teologia das Sagradas Escrituras. A porta sempre é lugar de passagem. Por ela entramos no Reino de Deus. As suas chaves estão guardadas. Mas o Senhor sempre abre as portas aos pecadores redimidos.

O conjunto da porta traz imagens que são figuras das teologias vetero e neo testamentárias. A Revelação divina tem início com  Lei, é confirmada pela Profecia, conduz à Sabedoria e é fonte da Salmodia, que é o louvor permanente da comunidade orante. A escritura hebraica com sua divisão na torá (Instrução), neviim (Profetas) e kethuvim (Escritos), também é fonte de inspiração para esse trabalho. Nos evangelistas conhecemos a Revelação de Jesus Cristo, sua vida, mensagem, ensinamentos, paixão, morte e ressurreição. No fundo a arte sacra e litúrgica cumpre sua função querigmática, quando é anúncio estético dos sentidos e símbolos da fé.




No centro da porta estão desenhados as tradicionais imagens que simbolizam os quatro evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João. 

A figura de homem com corpo angelical que tem as escrituras nas mãos é símbolo de São Mateus. O leão com asas é símbolo de São Marcos. O touro com asas é símbolo de São Lucas.



Estes quatro símbolos saíram da visão encontrada no relato do livro do profeta Ezequiel (Ez 1,10. O profeta vê a glória de Deus sobre um carro. Este carro tinha quatro rodas imensas que iam da terra ao céu. Em cada roda havia uma figura diferente, seres alados: um anjo, um leão, um boi e uma águia. A tradição cristã conferiu aos evangelistas os simbolismos desses quatro animais. São Jerônimo atribuiu a cada autor dos evangelhos uma dessa figuras.

O primeiro evangelho: Mateus, o símbolo é um homem alado (com asas). Mateus dá início aos seu Evangelho com a genealogia de Jesus, isto é, com o nascimento humano de Cristo (Mt 1,1-17).

O segundo evangelho: Marcos, o símbolo é um leão (com asas). Marcos começa seu evangelho com a pregação de João Batista no deserto, onde os leões habitavam. (Mc 1,1-8).



O terceiro evangelho: Lucas, o símbolo é um touro alado. Lucas começa seu evangelho com o anúncio de João Batista que aconteceu no templo, onde os touros eram oferecidos em sacrifício aos Senhor. (Lc 1,8-23)

O quarto evangelho: João, o símbolo é uma águia. Ela voa alto e em círculos. No seu evangelho o Espírito Santo o conduz às alturas e suas palavras são de grandeza sublime. (Jo, 1,1-18)



Ao redor dos quatro evangelistas as imagens que simbolizam o Antigo Testamento. 

Sabedoria

Na parte superior esquerda está uma mulher que é símbolo da Santa Sabedoria (Santa Sophia). Ela tem os medidores do tempo, o sol e a lua, e as letras alpha e ômega, princípio e fim do alfabeto grego. A sabedoria vem com o tempo, mas começa pela compreensão de sua passagem. Nada segura o tempo, que continuamente é, sendo o que foi, e se tornando o que será. Para o homem a sabedoria é finita, mas vem da infinitude divina. Assim a Sabedoria é Deus em seu amor.

"Eu a amei e procurei desde minha juventude, esforcei-me por tê-la por esposa e me enamorei de seus encantos." (Sab 8,2)
Salmodia

Na parte superior direita está um anjo que toca uma pequena harpa. Ele é símbolo do louvor divino, cuja principal função os anjos possuem, mas é também símbolo do louvor divino que diariamente o homem faz, do nascer do sol até o seu ocaso, louvando o nome e a grandeza de Deus. Na salmodia nós aprendemos que bom é o louvar o Senhor nosso Deus.
Salmo 150
Aleluia. Louvai o Senhor em seu santuário, louvai-o em seu majestoso firmamento.

Louvai-o por suas obras maravilhosas, louvai-o por sua majestade infinita.
Louvai-o ao som da trombeta, louvai-o com a lira e a cítara.
Louvai-o com tímpanos e danças, louvai-o com a harpa e a flauta.
Louvai-o com címbalos sonoros, louvai-o com címbalos retumbantes. Tudo o que respira louve o Senhor!
A Lei

Na parte inferior à direita (almofada) está a figura de Moisés que segura as tábuas da Lei. 
"Moisés desceu do monte Sinai, tendo nas mãos as duas tábuas da lei. Descendo no monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto se tronara brilhante, durante a sua conversa com o Senhor." (Ex 34,29)

Representação maior da teologia judaico-cristã, Moisés é o escolhido para conduzir o povo de Israel à Terra da Promessa. No caminho que é o 'tipo' e representação da peregrinação nossa de cada dia, Moisés recebe a Lei das mãos de Deus. Ele vê o Senhor e sua face muda. Contempla a Beleza e se torna belo. A Lei, simples codex de mandatos comuns a todos, é o exercício diário que conduz à beleza divina, que cada homem e mulher é chamado a transparecer no mundo.

Na transfiguração do Senhor, nos Evangelhos, Jesus aparece falando com Moisés e Elias. 
"Eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele." (Mt 17,3)

A Lei nos remete diretamente à conduta moral e à ética. Caráter e ação são típicos do humano. Nasce do que somos o jeito de ser que apresentamos ao mundo. O agir segue o ser, adágio latino que nos serve aqui como boa proposta de modo de viver. Quem vê o Senhor encontra n'Ele sua identidade primordial e transparece no dia a dia seu novo modo de ser e agir.

Os profetas


Meu Senhor e meu Deus! - São Tomé

Na parte superior, acima da porta, num formato triangular está a representação da cena evangélica em que Jesus encontro Tomé, após a ressurreição.
"Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe tua mão no meu lado. Não ejas incrédulo, ma homem de fé. Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus." (Jo 20,27-28)

Tomé está de joelhos diante de Jesus, que mostra sua mão direita e aponta para a chaga no seu peito, na altura do coração, por onde entrou a lança na hora da crucificação, bem após sua morte, e donde brotaram sangue e água. Em grego as palavras "kyrios mou theos mou" - Meu Senhor, meu Deus.


No alto da figura de Jesus aparece a manifestação da Trindade no triângulo com o olho que tudo vê, e que representa o Pai, donde procedem o Filho e o Espírito Santo. Este último vem representado na pomba. Ele promove no coração e na alma de Tomé o reconhecimento do Filho ressuscitado.

Ao lado da cena está Maria, Mãe de Deus, representada também nas letras gregas Μ, Θ e Σ, 'Marias Theotókos'. No canto esquerdo, o cordeiro imolado tem o coração ferido, donde brota uma fonte de água, símbolo do batismo. E atrás do Cordeiro, as cruzes, representação da Morte e Ressurreição do Senhor, porque não há Páscoa sem a Paixão. Ambas estão interligadas pelo mistério da salvação. O Cordeiro imolado é o Cristo Jesus ressurrecto que aparece ao descrente Tomé.




quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

PORTA DA SÃO TOMÉ - ETAPA FINAL

Apresento-lhes a porta da São Tomé em sua execução final, que termina com sua instalação.

O vídeo traz uma breve exposição em slides das etapas da realização da porta, desde o entalhe nas madeiras até sua montagem.



As fotos trazem a porta instalada na fachada da igreja de São Tomé em Bonsucesso.















No próximo 'post' apresento a inspiração teológica por trás dos desenhos entalhados.