sábado, 7 de maio de 2011

PRESBITÉRIO DA IGREJA SÃO JOSÉ OPERÁRIO - 1992

Projeto e execução da reforma do presbitério
Paróquia São José Operário - 1992 - Rio de Janeiro
Em 1992, propus ao então pároco Pe Vitorino Vegine a reforma do presbitério da igreja, para adequá-la aos princípios da reforma litúrgica oriundos do Concílio, bem como aos novos modelos arquiteônicos de funcionalidade litúrgica e pastoral.
A nave central da igreja é um projeto muito interessante. Não reproduziu a tendência do estilo neoclássico que dominou a arquitetura das igrejas construídas até os meados da década de 40 do século passado, no Rio de Janeiro.
A obra parece ter sido executada de forma primorosa pelos empreiteiros de então.
A nave tem o formato de uma cruz romana. O seu pé direito é bem alto, e ao longo da nave se estendem semi arcos ogivais (de inspiração gótica), cujo acambamento foi muito cuidadoso.
As janelas são altas, mas não houve solução para sua função.
O presbitério é circundado pelo arco ogival completo.
As naves laterais possuem os semiarcos ogivais.
O piso é de pó de granito.
O presbitério tem acesso com três níveis.
À direita havia a capela batismal, transformada depois em capela do Santíssimo.
Havia uma pintura na ábside, provavelmente um afresco com carcterísticas modernas.
Alguns dizem que pertencia à Portinari (fato duvidoso e de pouca possibilidade,uma vez que não há registros de que Portinari tenha feito uma trabalho em Realengo - veja em http://www.portinari.org.br/). Pelas carcterísticas dadas por quem viu o trabalho, poderia ser uma obra de Antonia Maria Nardi, mas também não há qualquer registro de um possível execução feita por ele em Realengo (ver http://www.antoniomarianardi.it/artesacra.htm). Há uma outra pintura que seria similar na frente da igreja de São José em Magalhães Bastos, cujo autor é desconhecido.
A idéia original do projeto de  1992 era substituir o piso do presbitério por granito, o que foi executado apenas em parte por razões econômicas (apenas a moldura do presbitério recebeu granito, o restante foi feito com porcelanato).
O altar era pra ser em granito, e foi usado mármore branco. Os painéis em baixo relevo, foram feitos em cimento desenhado e completado com pedras depois. Representam a teologia do sacrifício de Cristo prefigurado, realizado e completado na história da salvação: o sacrifício de Isaac, o corpo e o sangue oferecidos na ceia, e o cordeiro imolado do Apocalipse.
O ambão tinha o formato de uma mão estilizada, isso foi alterado.
A pia batismal tem o formato octogonal, referência à teologia bastismal sobre a recriação. Em setes dias Deus criou o mundo, e no oitavo, dia da ressurreição de seu Filho, ele recriou todas as coisas n'Ele.
A sédia com o apoio alto com um arco pleno (alterado depois) e as auxiliares conjugadas compõem o conjunto completo do presbitério.
Unificar a funcionalidade litúrgica e pastoral do sacramentos, essa foi a tese principal.
As alterações posteriores feitas no conjunto do presbitério tiraram-lhe o que havia de mais precioso, simplicidade e formas harmônicas.
Foram introduzidos novos elementos sem o devido cuidado, tais como pedras escuras com resinação mal acabada e num formato que tenta lembrar um montanha (?), a pintura azul celestial cheia de nuvens com aspectos pictóricos duvidosos, além do rebaixamento do teto numa curvatura que desrespeita as linhas ogivais harmônicas da igreja. Sem falar na substituição da Cruz pela imagem do Cristo ressuscitado, este com características interessantes, mas que acabou deslocado no conjunto da nova reforma.
Uma nova reforma desse porte deveria ser conduzida por quem tivesse o mínimo de conhecimento teológioco, artístico e litúrgico, sob pena de produzir um trabalho de difícil assimilação. O que de fato aconteceu.

Mir

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