domingo, 15 de maio de 2011

O BOM PASTOR

Bom Pastor, segunda metade do século III , Catacumba de Priscila, Roma




Uma das mais antigas representações que se tem da figura de Jesus é a imagem do Bom Pastor.
Estamos na época da arte que chamamos paelocristã. Mosaicos e afrescos são as técnicas utilizadas por artistas anônimos, que deixaram no cristianismo ainda escondido nas catacumbas o primeiro acervo da arte sacra e litúrgica.
Ainda é um cristianismo com forte acento rural, mas adequadamente urbano.
Ao contrário do que possa pensar, a fé cristã primeiro floresceu nas cidades, pois foi de urbe em urbe que São Paulo deu o impulso ao cristianismo nascente. Um olhar atento também verá nos Atos dos Apóstolos inúmeras referências à cidades, antes do que se costuma chamar no estudo exegético de ciclo de Paulo. É Pedro e outros apóstolos realizando milagres e ações prodigiosas nas cidades de Jerusalém, Antioquia, entre outras.
Não é admirável que tenhamos desaprendido a lidar com o desafio das cidades, quando nascemos nelas?
Neste afresco, de caracterísitcas notadamante pagãs, podemos ver que o cristianismo não vai se furtar de usar os recurso externos à sua realidade.
Os afrescos são a primeira mídia de comunicação com o povo iletrado e analfabeto. Eles não sabem ler e apenas escutam e guardam com a memória oral as primeiras leituras de textos cristãos, bem como na rememorização dos textos do hebraismo antigo em meio às primeiras celebrações eucarísticas. As pinturas, mosaicos, esculturas e vitrais vão ser para muitos a biblioteca que conservará a grande tradição da Igreja.
Voltemos brevemente à imagem do Bom Pastor nesse domigo ao qual a liturgia pascal lhe atribui.
Certa vez, passei um bom tempo estudando num lugar que tinha duas curiosas características. Para ira à escola sempre descia a montanha passando por um cemitério lindo, muito bem cuidado.
Do outro lado, toda a vez que queria passear no que sobrou da antiga Floresta Negra, passava por uma pasto amplo, onde sempre havia ovelhas.
Elas sempre estavam dispersas. Em pequenos grupos ou solitárias, elas pastavam indiferentes a quem as via. Não tinham rumo, apenas comiam e passavam o resto do tempo soltas a esmo.
Uma única vez vi o responsável por elas. O pastor que lhes cuidava.
Que diferença! Elas não estavam mais dispersas, caminhavam juntas a ele, às vezes ele ia à frente, e elas lhe seguiam; outra hora, no meio delas, batia delicadamente para fazê-las andar. Ainda uma vez, deixava o rebanho seguindo o rumo que havia indicado, para recuperar alguma combalidada ou cansada que ficara para trás.
Recuperada a ovelha, estimulava seus passos, empurrava com a ponta do cajado, e logo a ovelha estava no meio das outras.
Assim nos é o Senhor Jesus, um Pastor por excelência, cuidando, guiando, recuperando. Não há motivos para nos preocuparmos. Ele sempre cuida de nós.


"O Senhor é meu Pastor,
nada me faltará!" (Sl 22,1)

File:Good sheperd pushkin.jpg
O Bom Pastor, Museu Lateranense, Roma

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