sábado, 14 de maio de 2011

O ÍCONE, IMAGEM DO INVISÍVEL

Vou publicar a tradução de alguns trechos da obra - O ìcone, imagem do invisível - de Egon Sandler, importante obra sobre a iconografia cristã e seu desenvolvimento no tempo. Além de apresentar todas as técnicas para a execução de um ícone nos moldes bizantinos.


Começo pelo capítulo 5


A teoria da imagem


A longa gênese da imagem sacra permitiu descobrir as fontes teológicas bem como seus condicionamentos culturais. Ora, é tempo de por o problema do ícone na ordem teórica. Foi visto claramente a posição teológica da luta pelas imagens: a Encarnação do Verbo, as suas relações com o mundo criado, com a  matéria. Resta considerar a teoria do ícone em modo mais abstrato. Qual é a essência da imagem? É possível ver que esta pergunta, incontornável, encontra-se no ponto de conjunção entre a filosofia e a teologia.


Para compreender melhor as dimensões espirituais do ícone, é preciso distingui-los das imagens. A imagem faz parte da categoria dos signos. Ora, é com os signos que o espírito humano se representa no mundo. Desde Platão, os filósofos construíram sistemas diferentes para provar que o pensamento corresponde à realidade e que é verdadeiro. Assim se formaram duas grandes correntes.


O platonismo afirma que o homem reconhece as coisas do mundo por meio de idéias preexistentes. Antes da sua gênese eu vejo estas idéias que, sozinhas, tem uma verdadeira existência. Isto que existe no mundo material não é mais que uma sombra do mundo eterno das idéias.


O Ocidente, as suas correntes filosóficas dominantes e a ciência moderna em especial seguem outra corrente, a do Aristotelismo. Neste sistema filosófico, um conhecimento é possível, porque o espírito humano é capaz de fazer abstrações dos elementos individuais para extrair a essência das coisas e classificá-las num número restrito de categorias.


Estas teorias do conhecimento têm um papel importante para a concepção das imagens e ambos servem à sua explicação. Pode-se dizer mesmo que a teoria da imagem é um caso particular da teoria do conhecimento.

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